terça-feira, 19 de novembro de 2013

SAPATILHAS & SUA HISTÓRIA::CONFORTO & CHARME FASHION.

Até o século XVI, ninguém curtia muito salto, e até os homens usavam sapatinhos que lembram as tais sapatilhas de hoje. Tudo mudou quando Catarina de Médici, rainha consorte da França, pediu ao sapateiro real que colocasse 2 cm de salto em seus sapatos de casamento, e o mundo inteiro quis copiá-la. Depois disso, as sapatilhas só teriam fama novamente graças a outra francesa, Brigitte Bardot.


Ela, que fez 12 anos de ballet clássico, pediu para Rose Repetto – criadora da marca de produtos de ballet Repetto, que criava para top bailarinos como Nureyev e Mikhail Baryshnikov – que fizesse um modelo de sapatilha que ela pudesse usar no dia a dia. O resultado foi o modelo Cendrillon, criado em 1956, que BB adorou, e usou numa cena em que dançava mambo no filme “E Deus criou a Mulher”, de Roger Vadim, e também no tapete vermelho do Festival de Cannes daquele ano. Um ano depois,  Audrey Hepburn usou “ballerinas” no filme “Cinderela em Paris” – inclusive com vestido de gala. 
Enquanto esses sapatinhos têm toda a doçura das bailarinas, a própria Brigitte Bardot provou que nem por isso elas deixam de ser sedutoras. E se a gente pensar que toda bailarina é extremamente delicada “por fora”, mas possui uma estrutura super forte e poderosa “por dentro”, usar sapatilhas podem fazer com que a gente se aproprie dessas características e se sinta um pouquinho assim também, todo dia!


Em 2003, o modelo foi reeditado com as iniciais BB e parou nos pés de outro ícone: Kate Moss, a maior trendsetter da atualidade. Nem é preciso dizer que, desde então, a BB freqüenta a lista de compras das garotas mais antenadas do planeta. Até chegar aos pés de Kate, no entanto, a Repetto precisou de alguns ensaios. Na década de 1980, depois da morte de Rose e com a lembrança de Bardot apenas na memória de alguns cinéfilos, a marca quase caiu no esquecimento. Passou de mão em mão e ficou restrita a mulheres mais velhas, as únicas que não abriam mão da classe das legítimas ballerines. A reviravolta veio em 1999, quando Jean-Marc Gaucher, ex-executivo da Reebok na França, comprou a grife e lhe deu coreografia nova. Incluiu no catálogo peças desenvolvidas por estilistas como Issey Miyake, Yohji Yamamoto, Rei Kawakubo, da Comme des Garçons, e Catherine Malandrino. Foi idéia dele também ampliar o leque de produtos sem perder de vista a ligação com a dança – afinal, suas sapatilhas tradicionais, de ponta, ainda são usadas na Opéra.


Hoje, além de reedições de clássicos, como a BB, e de uma linha vintage, a Repetto faz modelos inspirados nos mais variados estilos: flamenco, salsa, tango, cabaré e twist. Alguns têm salto, há versões de sapatos boneca (Mary Jane) e até de botas. Nas coxias, uma equipe de criação desenha 80 novos modelos a cada coleção, com materiais que passam longe do convencional cetim rosa-pálido. Há desde couro metalizado, o dourado é um hit, até tweed, seda, verniz e estampa de leopardo! Todos feitos a mão no ateliê de Dordogne, na França, e com destinos para lá de chics. Além da loja própria em Paris, a grife é vendida no Bon Marché e na Bergdorf Goodman, entre outros templos do luxo, lado a lado com Manolos e Louboutins.
Em sintonia com as tendências da moda, a grife cresceu e conquistou nomes famosos, como os das atrizes Kirsten Dunst e Sarah Jessica Parker. A senadora americana Hillary Clinton foi outra a entrar na dança. A elas se juntam os freqüentadores de clubes moderninhos de Paris – ao som de Frans Ferdinand, entram em cena Zizis brancos (modelo usado pelo cantor Serge Gainsbourg nos anos 1970), espécie de neotênis dos dândis rockers versão 2000. Democrática, a Repetto não perdeu a sofisticação, embora tenha deixado de dançar apenas ao som de música clássica. Escolha o seu ritmo e entre também no baile. 

                                                                              
                                               
Pronta para entrar em qualquer salão, a Repetto produz mil pares de sapatos por dia. A Molly, uma sapatilha que seria idêntica à BB, não fosse o salto, já entrou para a categoria dos clássicos, assim como a Zizi branca.Quer algo mais tradicional? Com fitas de cetim, as sapatilhas de balé ganham solado especial para frequentar as ruas.       






A cantora Amy Winehouse, foi o último ícone fashion a desfilar com sapatilhas.
A tradicional e chiquérrima Salvatore Ferragamo, calçam italianas e fashionistas mundo a fora, com suas lindas e confortáveis sapatilhas.