segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FELIZ::HAPPY

Você é feliz? Não espalhe, já que tanta gente se sente agredida com isso. Mas também não se culpe, porque felicidade é coisa bem diferente do que ser linda, rica, simpática e aquela coisa toda. Felicidade, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo!
A felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude estão ausentes. Abrange uma gama de emoçõpes ou sentimentos que vai desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior. Existem diferentes abordagens ao estudo da felicidade - pela filosofia, pelas religiões ou pela psicologia. O homem sempre procurou a felicidade. Filósofos e religiosos sempre se dedicaram a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade plena.

A felicidade é o que os antigos gregos chamavam de eudaimonia, um termo ainda usado em ética. Para as emoções associadas à felicidade, os filósofos preferem utilizar a palavra prazer. É difícil definir, rigorosamente, a felicidade e sua medida. Investigadores em psicologia desenvolveram diferentes métodos e instrumentos, a exemplo do Questionário da Felicidade de Oxford, para medir o nível de felicidade de um indivíduo. Esses métodos levam em conta fatores físicos e psicológicos, tais como envolvimento religioso ou político, estado civil, paternidade, idade, renda etc.

Para Aristóteles, a felicidade pode ser atingida pela prática do bem, felicidade é através da satisfação dos desejos de uma forma equilibrada, que não perturbe a tranquilidade do indivíduo. Pirro de Élis, filósofo grego contemporâneo de Epicuro, também advogava que a felicidade residia na tranquilidade, porém divergia quanto à forma de se alcançar a tranquilidade. Segundo Pirro, a tranquilidade viria do reconhecimento da impossibilidade de se fazer um julgamento válido, sobre a realidade do mundo. Tal reconhecimento livraria a mente das inquietações, e geraria tranquilidade. Este tipo de pensamente é, historicamente, relacionado à escola filosófica do ceticismo.
Outra escola filosófica grega da época, o estoicismo, também defendia a tranquilidade (ataraxia) como o meio de se alcançar a felicidade. Segundo essa escola, a tranquilidade poderia ser atingida através do autocontrole e da aceitação do destino.

Zoroastro, místico que teria vivido por volta do século VII a.C. no atual Irã, criou uma doutrina religiosa, o zoroastrismo, que se baseava numa luta eterna entre o bem e o mal. O bem incluiria tudo o que fosse agradável ao homem: beleza, justiça, saúde, felicidade etc. No final dos tempos, haveria a vitória definitiva do bem. A missão dos homens seria a de procurar apressar essa vitória final, através de uma conduta individual correta.
Aproximadamente na mesma época, na China, dois filósofos apontaram dois caminhos para se atingir a felicidade: Lao Tse defendeu que a felicidade podia ser atingida tendo, como modelo de nossas ações, a natureza. Já Confúncio enfatizou a harmonia entre as pessoas como elemento fundamental para se atingir a felicidade.
A felicidade é um tema central do budismo, doutrina religiosa criada na Índia por Sidarta Gautama por volta do século VI a.C. Para o budismo, a felicidade é a liberação do sofrimento, liberação esta obtida através do Nobre Caminho Óctuplo. Segundo o ensinamento budista, a suprema felicidade só é obtida pela superação do desejo em todas as suas formas. Um dos grandes mestres contemporâneos do budismo, o Dalai Lama Tenzin Gyatso, diz que a felicidade é uma questão de treinamento mental.
Mahavira, um filósofo indiano contemporâneo de Sidarta Gautama, enfatizou a importância da não violência como meio de se atingir a felicidade plena. Sua doutrina perdurou sob o nome de jainismo.


 Jesus Cristo inovou, na sua época, ao defender a gentileza entre as pessoas como elemento fundamental para se atingir a harmonia em todos os níveis, inclusive no nível da felicidade individual.

Maomé, no século VII, na Península Arábica, enfatizou a caridade como elemento fundamental que deveria guiar o ser humano rumo a uma sociedade ideal, ou seja, mais feliz.

O cristianismo, após a morte de seu fundador, Jesus, aprimorou-se intelectualmente e dividiu-se em vários ramos. Um deles, o catolicismo, produziu muitos filósofos famosos, como Tomás de Aquino, que, no século XIII, descreveu a felicidade como sendo a visão beatífica, a visão da essência de Deus.

Na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, os filósofos Jeremy Bentham e John Stuart Mill  criaram o Utilitarismo, doutrina que dizia que a felicidade era o que movia os seres humanos. Segundo o utilitarismo, os governos nacionais têm, como função básica, maximizar a felicidade coletiva.

O psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939), o criador da psicanalise, defendia que todo ser humano é movido pela busca da felicidade, através do que ele denominou "princípio do prazer". Porém essa busca seria fadada ao fracasso, devido à impossibilidade de o mundo real satisfazer a todos os nossos desejos. A isto, deu o nome de "princípio da realidade". Segundo Freud, o máximo a que poderíamos aspirar seria uma felicidade parcial.

A psicologia positiva - que dá maior ênfase ao estudo da sanidade mental e não às patoligias - relacionada a felicidade com emoções e atividades positivas.
A economia do bem-estar defende que o nível público de felicidade deve ser usado como suplemento dos indicadores econômicos mais tradicionais, como o produto interno bruto, a inflação etc.

Estudos científicos recentes têm procurado achar padrões de comportamento e pensamento nas pessoas que se consideram felizes. Alguns padrões encontrados são:

   - capacidade de adaptação a novas situações
   - buscar objetivos de acordo com suas características pessoais
   - riqueza em relacionamentos humanos
   - possuir uma forte identidade étnica
    -ausência de problemas
    -ser competente naquilo que se faz
    -enfrentar problemas com a ajuda de outras pessoas
    -receber apoio de pais, parentes e amigos
    -ser agradável e gentil no relacionamento com outras pessoas
    -não superdimensionar suas falhas e defeitos
    -gostar daquilo que se possui
    -ser autoconfiante
    -pertencer a um grupo
    -independência pessoal.